Para a alegria de meus 22 cromossomos
14 de dezembro de 2004 - Jose Rocha

Moro numa cidadezinha perdida num ponto eqüidistante entre a casa de Emanuel Costa, meu irmãozinho tricolor, que vive em Miami, e a Casa da Eni, em Bauru. Moro em Brotas, a 256 quilômetros de São Paulo, a capital, onde vivem minhas irmãs Ângela Maria e Ana Cristina.

Estou muito longe de minha terra, mas a linha geográfica que me separa da capital cearense não me separa do meu sotaque, da minha raiz quadrada, do meu time – posso dizer que essa linha é horizontal (ou são três: uma vermelha, outra azul e outra branca).

Vejo na TV, leio nos jornais, na tela do computador, ouço no rádio que meu Fortaleza (“querido e idolatrado”, como escreveu Jackson de Carvalho) venceu o Avaí, de Santa Catarina, e voltou à Série A do Campeonato Brasileiro de futebol, de onde jamais deveria ter saído.

Vejo na TV o gol de Ronaldo Angelim. E leio, daqui de onde estou, que a cidade onde nasci fez uma festa para a vitória do Leão do Pici, com direito a desfile, papel picado, fogos e aplausos, muitos aplausos para o time que Zetti colocou em campo – tinha que ser ele, Zetti, o vencedor (na vida e na bola).

Bate uma saudade. Ah! Mas bate um desejo de estar perto. Mais do que tudo isso, bate uma inveja de quem está em minha terra! Meu Deus! Como dói essa alegria, compartilhada à distância! O que me consola é que, quando janeiro vier, estarei de volta, para a alegria de meus cromossomos, todos eles, os 22, incluindo o Ronaldo Angelim, que é zagueiro – devoto de Padre Cícero - e faz gol de cabeça.

Fico daqui, vestido com a camisa do meu Fortaleza, a escrever que moro numa cidadezinha perdida num ponto eqüidistante entre a casa de Emanuel Costa, meu irmãozinho tricolor, que vive em Miami, e a Casa da Eni, em Bauru.

E comemoro, comemoro muito, inclusive o e-mail tricolor de meu compadre Amaury Teixeira, lá de minha doce Lucélia, que me cai na caixa de entrada, cheio de declarações de amor ao Fortaleza. É o coração leonino, sim, Amaury! É o coração! É ele que bate, que bate, que bate, como bate um tambor no hino que Jackson de Carvalho pariu.

José Rocha, 44, é autor do livro de crônicas esportivas "Coração de Leão", naturalmente dedicado ao Fortaleza.

Voltar para crônicas de José Rocha


© All rights reserved.
Contact: Portal Nossa Lucélia Powered by www.nossalucelia.com.br