Paolo Rossi foi o carrasco do Brasil em 1.982
27 de maio de 2010



Marcos Vazniac - Pareceu um pesadelo. Lembro até hoje da cena: o capitão da seleção Brasileira, Sócrates, sai cabisbaixo do campo, seguido por Júnior, Falcão e Oscar.

O impossível aconteceu naquela tarde no Brasil, e noite no estádio Sarriá, Barcelona, Espanha. O Brasil acabará de ser eliminado da Copa do Mundo de 1.982, ao ser milagrosamente derrotado pela Itália de Paolo Rossi, pelo placar de 3x 2.

O Brasil foi para o mundial da Espanha como super favorito. Alias, a equipe do técnico mineiro Tele Santana, não sabia o que era derrota desde o Mundialito do Uruguai, ano antes, quando perdeu para os donos da casa por 2 x 1.

A campanha para o mundial de 1.982, o Brasil venceu fora de casa as seleções da Venezuela, em Caracas, por 1 x 0; a Bolívia em La Paz por 2 x 1. Em casa, o Brasil venceu a Bolívia no Maracanã, com 3 gols de Zico, contra um dos bolivianos. Em Goiânia, o Brasil enfiou 5 x 0 na fraca Venezuela.

O teste de fogo para os nossos jogadores foi a excursão à Europa. O primeiro teste de fogo foi no estádio de Wembley, contra a forte Inglaterra. O Brasil venceu por 1x0, gol de Zico. O próximo adversário foi a França no estádio Parc des Prince, por 3 x 1. Os gols foram anotados por Reinaldo, Sócrates e Zico, que na ocasião marcou o gol número 500 na sua gloriosa careira. O terceiro adversário foi a poderosa Alemanha Ocidental, em Stuttgart. Nova vitória por 2 x 1. Gols de Júnior e Toninho Cerezo. Na ocasião, o goleiro Waldir Peres, defendeu dois pênaltis, dando a vitória à seleção canarinho.

O retorno do Brasil foi de pura euforia, que aumentou depois da vitória em salvador por 1 x 0 contra a Espanha. O Brasil ainda venceria por 1 x 0, no Maracanã, a seleção da Alemanha Ocidental, até então equipe mais difícil de ser batida pelo Brasil.

O técnico Tele Santana, convocou os jogadores para a Copa. Já na Espanha, o centro-avante Careca, do Guarani de Campinas, se contundiu e foi cortado, sendo convocado, o atacante Roberto Dinamite do Vasco da Gama.

O Brasil estava no grupo 6 com URSS, Escócia e Nova Zelândia, com sede em Sevilha. O primeiro jogo sempre é nervoso, marcado por retranca e jogo difícil. A União Soviética saiu na frente do Brasil. No segundo tempo, o Brasil conseguiu vencer a muralha soviética e com gols de Sócrates e Éder, bateu os soviéticos por 2 x 1. O segundo jogo foi contra a Escócia. Novamente os adversários saíram na frente. Mas com gols de Zico, Oscar, Éder e Falcão, o Brasil garantiu classificação para a próxima fase, como deu um show de bola na Espanha. O terceiro jogo foi contra a fraca Nova Zelândia. Os 4 x 0 ficaram de bom tamanho para os neozelandeses. Os gols foram anotados 2 de Zico, um de Serginho e 1 de Falcão.

A segunda fase foi em Barcelona, na Catalunha. O Brasil caiu no grupo da morte com Argentina (atual campeã) e a retranqueira Itália.

A Argentina se classificou em segundo lugar em seu grupo, após perder por 1 x 0 para a Bélgica, e vencer por 4 x 1 a Hungria e 2 x 0 El Salvador. Já a Itália havia empatado sem gols com a Polônia e empatado em 1 gol contra Peru e Camarões.

A Itália nunca teve um grande futebol, sempre jogando na defesa tendo um líbero como maior jogador. Além da crise interna, a seleção italiana não dava entrevistas à imprensa, e todos acreditavam que o time de Enzo Bierzo, seria goleado por Brasil e Argentina.

Na primeira partida, surpresa, a Itália venceu por 2 x 1 a Argentina. O jogo mais técnico que assiti até hoje em mundiais, foi entre Brasil e Argentina. Duas equipes técnicas, com jogadores habilidosos dos dois lados. A Argentina, que sofria na alma, a derrota para os ingleses na guerra das Malvinas, tinha que quebrar um tabu de 13 anos sem vitória.

O Brasil venceu a Argentina por 3 x 1, com gols de Zico, Serginho e Júnior. Nada poderia deter o avanço do Brasil rumo ao tetra. Todos esperavam o caneco de forma invicta, como a seleção de 1970.

O Brasil precisava de um simples empate contra a Itália, para avançar nas quartas de final da copa. Brasil e Itália entraram no estádio Sarriá em Barcelona, numa tarde ensolarada. O sol parecia uma pintura de Galdi, para dar seu brilho ao grande espetáculo futebolístico.

Começa o jogo, logo de cara, um cruzamento despretensioso da ponta direita, encontra a cabeça certeira de Paolo Rossi, que vence Waldir Peres, marcando o primeiro tento dos italianos. Bem, o Brasil sempre saiu perdendo e era questão de tempo empatar, e virar o jogo. E não demorou. Toninho Cerezo lançou Sócrates, que carregou a bola, servindo Zico. O Galinho de Quintino se livrou do marcador Gentile, e deixou o magrão na cara de Dino Zoff. O capitão da esquadra brasileira, podia servir Serginho dentro da pequena área, mas resolveu fuzilar a bola entre as pernas do capitão da esquadra italiana. Festa no Sarriá, a alegria voltará, e a virada seria em questão de minutos.

Toninho Cerezo, considerado um dos melhores passadores do mundial, tocou a bola para seu companheiro de Atlético Mineiro, o quarto-zagueiro Luizinho. Paolo Rossi, percebeu a vacilada da zaga brasileira, e entrou como um lobo. Rápido como um rádio, passou por Oscar e fuzilou na saída de Waldir Peres. Pela primeira vez, no mundial, o Brasil tomava dois gols. Terminado o primeiro tempo, todos acreditavam que o Brasil iria virar a partida na etapa final.

Após muito insistir, Júnior pegou a bola na lateral esquerda, e de três dedos passou para Falcão. O Rei de Roma, fez que ia passar a bola para Paulo Izidoro, levou a bola para dentro da meia lua da grande área, e fuzilou de perna esquerda, vencendo Dino Zoffi. Àquela altura, um empate levaria o Brasil à fase seguinte do mundial, mais a equipe que jogava o futebol arte queria e podia virar o jogo.

Foi em um escanteio cobrado na ponta direita por Bruno Conti. A zaga brasileira tirou, mas, de fora da área o rebote caiu nos pés do meia italiano, que bateu de esquerda. O goleiro brasileiro iria fazer a defesa, quando Paolo Rossi, de pé direito estufou as redes do Brasil.

O impossível acontecei. A Itália, até então desacreditava vencia e eliminava o Brasil do mundial de 1.982.

Uma última chance do Brasil empatar o jogo, foi com uma cabeçada a queima roupa do zagueiro Oscar, milagrosamente defendida por Dino Zoff. Como fim do jogo, um funeral se via em todas s residências do país.

O Brasil voltou para casa, sem o título, mas com a fama de ter jogado uma das melhores copa. Um futebol arte, irreverente, poético, mágico, até parecia uma orquestra sinfônica, regida por Beethoven.

A Itália avançou e venceu no Camp Nou, em Barcelona, a seleção da Polônia por 2 x 0. Com dois gols de Paolo Rossi, os italianos chegaram a final contra a favorita Alemanha Ocidental.

O jogo disputado em Madrid, marcou a terceira conquista dos italianos, que se igualariam aos brasileiros com três copas conquistadas. Paolo Rossi, o carrasco do Brasil, marcou um gol na final e foi sagrado artilheiro do mundial.

A seleção canarinho que foi ao mundial da Espanha é lembrada até os dias de hoje, como a seleção que jogou um futebol arte. Não venceu a copa, por capricho dos deuses do futebol, que muitas vezes, não deixa os melhores vencer.

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