O mundo vai acabar em 2012?
09 de janeiro de 2012



(...) Alguém falou do fim do mundo, O fim do mundo já passou, Vamos começar de novo:
Um por todos, todos por um. (...) Vamos fazer um filme. Renato Russo/ Legião Urbana.

Marcos Vazniac - A preocupação com o fim do mundo sempre seduziu os homens. João Batista era um líder apocalíptico. Jesus (O ungido) também teve preocupação com o fim do mundo em suas pregações. Saulo de Tarso também, e as primeiras comunidades cristãs esperavam o retorno de Jesus, ainda no seu tempo.
Naquela época o Apocalipse era horizontal, cujos primeiros sintomas eram convulsões, guerras e terremotos. O Apocalipse era horizontal, e ficou vertical devido as decepções. Todos esperavam o fim do mundo, mas ele não veio, ou melhor, acabou para quem morreu.
Durante a Idade Média, era comum a crença do fim do mundo. Durante Peste Negra, todos esperavam pelo fim dos tempos, mas ele não veio. O médico francês, Michel Nostradamus, previu em suas centúrias o fim dos tempos, e fracassou. Diante de várias previsões de pastores, padres e profetas, o mundo resistiu a todos, e o planeta azul continua a girar na periferia da Via Láctea.
No novo milênio chegou até nós uma nova profecia. Segundo o calendário Maia, o mundo acabará no próximo dia 21 de dezembro de 2012. Uma data cabalística, sem retorno.
A civilização Maia foi uma das mais fascinantes e misteriosas do mundo. Quando os europeus aqui chegaram, eles já haviam desaparecidos, provavelmente vivendo seu próprio apocalipse ecológico.
A civilização Maia era muito avançada para a época. Considerados como os gregos da América, os Maias faziam obras de arte em pedra, que até hoje espantam os artistas de todo planeta. Eram exímios matemáticos e astrônomos, como os antigos gregos e egípcios. Sabiam o cálculo do 0 (Zero) e dominavam a arquitetura, construindo pirâmides, como as do Egito.
Esta civilização fantástica teve parte de seus estudos destruídos por missionários cristãos, mas parte de seus estudos sobre medicina, e astronomia foram reunidos em códices, e levados para grandes museus e bibliotecas da Europa. Vejamos alguns:

Códice de Dresden
O Códice de Dresden encontra-se na biblioteca estadual de Dresden, na Alemanha. É o mais elaborado dos códices maias, bem como uma importante obra de arte. Muitas seções são ritualistas (incluindo os chamados "almanaques"), outras são de natureza astrológica (eclipses, ciclo de Vênus). O códice encontra-se escrito em uma longa folha de papel dobrada de forma a produzir um livro de 39 folhas, escritas em ambas as faces. Deve ter sido escrito pouco tempo antes da conquista espanhola. De alguma maneira chegou à Europa e foi comprado pela biblioteca real da corte da Saxônia em Dresden no ano de 1.739.

Códice de Madrid
Apesar da qualidade da execução ser inferior, o Códice de Madrid é ainda mais variado que o Códice de Dresden e deve ter sido elaborado por oito escribas diferentes. Encontra-se no Museu de América em na capital da Espanha, deve ter sido enviado à corte espanhola por Hernán Cortés. São 112 páginas, anteriormente divididas em duas seções separadas conhecidas como o Códice Troano e o Códex Cortesianus e reunidas em 1888.

Códice de Paris
O Códice de Paris contém profecias para tuns e katuns, sendo, neste aspecto, semelhante aos Livros de Chilan Balam. Foi encontrado em um caixote de lixo em uma biblioteca de Paris, e como tal encontra-se em muito mau estado. Encontra-se atualmente na (Biblioteca Nacional), em Paris.

Códice Grolier
Disse-se que este quarto códice maia havia sido encontrado em uma caverna, mas a questão da sua autenticidade ainda não foi resolvida de forma definitiva. Não se trata de um códice completo, mas sim de um fragmento com 11 páginas de um conjunto de 20. Estão disponíveis na internet fotos digitalizadas do original. As páginas são muito menos detalhadas que em qualquer um dos outros códices. Cada página mostra um herói ou um deus, olhando para a sua esquerda. No alto de cada página encontra-se um número. Ao longo da margem esquerda de cada página encontra-se o que parece ser uma lista de datas. O Códice Grolier foi descoberto no México no ano de 1.965, embora ainda não fosse concluída a sua origem Maia, o teste de radio-carbono datou-o aproximadamente de 1.230. A história do seu descobrimento é contada no livro “Breaking the Maya Code”, de Michael Coe ( Thames e Hudson, 1.992). Não podemos deixar de mencionar José Saenz, que partiu para uma viagem perto da Serra das Chiapas e Tortuguero, aonde foram procurados os fragmentos desse códice juntamente com outras relíquias.
Logo após a sua descoberta e alguns estudos, o documento foi levado para o Clube Grolier de Nova York (1.971), mas atualmente encontra-se desaparecido.
Algo interessante foi o fato de que o Códice Groiler foi montado através de fragmentos encontrados através de expedições e buscas no local onde inicialmente foram descobertos os vestígios.
Uma grande polêmica girou em torno dos estudos do manuscrito, onde se criou um clima hostil entre o estudioso Thompson e o linguista soviético Knorosov. Muitas pessoas consideravam o soviético como o grande descobridor dos hieróglifos do códice, embora algumas pessoas atribuíssem tal feito à Thompson. Essa rivalidade gerou trocas de “elogios” de ambas as partes.

Outros códices maias
Dada a raridade e importância destes livros, rumores relativos à descoberta de novos códices muitas vezes despertam interesse. As escavações arqueológicas de sítios maias têm encontrado várias amontoados de estuque e flocos de tinta, sobretudo em túmulos da elite.
Estes amontoados são códices em que todo o material orgânico decompôs-se. Alguns destes amontoados mais coerentes, foram preservados, com a esperança remota de que venha a ser desenvolvida alguma técnica que permita recuperar alguma da informação a partir dos restos destas páginas antigas. Os códices maias mais antigos que se conhecem, foram encontrados por arqueólogos em ofertas funerárias em escavações efetuadas em Uaxactún, Guaytán em San Agustín Acasaguastlán, e Nebaj em Quiché, Guatemala, em Altun Ha no Belize e em Copán nas Honduras. Estes seis exemplares descobertos em escavações datam do período clássico inicial (Uaxactún e Altun Ha), do clássico tardio (Nebaj, Cópan) e pós-clássico inicial (Guaytán) e infelizmente todos foram alterados pela pressão e umidade durante os muitos anos que permaneceram enterrados encontrando-se reduzidos a massas de pequenos fragmentos, não sendo provável que alguma vez venham a ser lidos.

Ciclo de Vênus
O ciclo de Vênus era um calendário importante para os maias, e muita informação sobre este assunto encontra-se no Códice de Dresden. As cortes maias tinham à sua disposição astrónomos capazes de calcular o ciclo do planeta Vênus com grande precisão. Existem seis páginas no Códice de Dresden dedicadas ao cálculo preciso da localização de Vênus. Os maias eram capazes de obter tal precisão graças às cuidadosas observações efetuadas ao longo de vários séculos. O ciclo de Vênus era especialmente relevante porque os maias acreditavam que se encontrava associado à guerra e usavam-no para determinar os tempos apropriados para as coroações e guerras. Os governantes maias planejavam as guerras de modo a terem o seu início quando Vênus aparecesse no céu no Oriente após ter desaparecido no Ocidente.
Os povos antigos da América Central estavam profundamente interessados em Vênus, o objeto mais brilhante no céu depois do Sol e da Lua. Os seus astrônomos-sacerdotes perceberam que a Estrela da Manhã e Estrela da Noite eram o mesmo planeta, um fato não apreciado, por exemplo, dos gregos como Homero. Para o período sinódico de Vênus, que é de um nascer helíaco como Estrela da Manhã para o outro, eles usaram a figura representando 584 dias, o número inteiro mais próximo ao valor verdadeiro, 583,92. Este período sinódico foi dividido em quatro posições de Vênus: (1) Estrela da Manhã (236 dias); (2) desaparecimento em Conjunção Superior (90 dias), (3) Evening Star (250 dias) e 4) o desaparecimento (na Conjunção Inferior ) (8 dias). Sabemos das contas etno-históricas que o nascer helíaco de Vênus foi um evento fantástico para os meso-americanos, que consideravam a influência do planeta decididamente funesta. Este calendário de Vênus foi coordenado com o seu sagrado calendário Round de 52 anos, este último baseado no entrelaçamento do almanaque de 260 dias (13 números x 20 dias ) denominado de Calendário Vague de 365 dias (18 meses de 20 dias mais 5 dias extras ). Ocorre que 5 x 584 (2.920) é igual a 8 x 365, para que em oito anos Vague tenha exatamente cinco períodos sinódico de Vênus. O grande ciclo, equivalente ao nosso século, é alcançado após 65 períodos de Vênus, ou 104 anos Vague. Neste ponto, os sacerdotes astecas acreditavam, que o mundo poderia acabar, por isso todos os incêndios no império eram extintos, para serem reacendidos apenas quando as Plêiades atravessavam o auge em vez de parar. Calendários de Vênus baseados na equação de 65 Períodos igualando 104 anos Vague são encontrados no Cospi, Borgia, B e códices Vaticanus, em que cinco deuses representando Vênus, cada um associado a cinco sucessivos levantamentos heliacal do planeta, são desenhados com uma lança em suas vítimas. O calendário de Vênus no Códice de Dresden (pp. 46-50) mostra que os maias tinham um cerimonial mais complexo e idéias de calendário associado a ele (Thompson 1.950:217-29).
Os maias também acompanharam os movimentos de outros planetas como Marte, Mercúrio e Júpiter.
Exímios matemáticos, os maias conseguiam datar com exatidão os eclipses na Lua e no Sol. Os defensores da teoria apocalíptica, dizem que se tal civilização dotada de grandes astrônomos, podia fazer cálculos perfeitos sobre a movimentação dos planetas e astros, não poderiam prever com exatidão, o futuro do nosso planeta?
Bem, nosso planeta e civilização já sobreviveu a catástrofes naturais. Sobreviveu a pestes terríveis, como a Peste Negra e a Gripe Espanhola. Sobreviveu a grandes guerras, ao nazismo e a Guerra Fria.
Várias teses do fim do mundo se mostraram ineficazes. Todas falharam mesmo as mais pessimistas. Hoje, o mundo se vê livre da maior ameaça que poderia sim, por fim a nossa epopeia na Gaia. A hecatombe nuclear, está aparentemente longe. O que temos que enfrentar de frente nesse novo milênio é a gritante desigualdade social existente no mundo, fazer com que as conquistas da medicina cheguem a todos os cantos da Terra. Que haja distribuição de alimentos e remédios, e principalmente tolerância com o diferente, seja ele religioso ou não.
O futuro da Terra parece nebuloso. Novas teorias apocalípticas aparecerão depois de 21/12/2012. O Apocalipse ecológico é talvez a grande ameaça ao futuro da terra. Até lá, novos gurus do fim do mundo virão com novas teses do fim da humanidade.
Como diria o poeta Eduardo Galeano : (...) Apesar de nossa falta de bom senso, o planeta continua a girar, e a mãe terra, continua todos os dias a nos amar e nos nutrir.

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