Carnaval: bons tempos não voltam
10 de fevereiro de 2012



Marcos Vazniac - “Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval” (Vinícius de Morais)

Carnaval é uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C.. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica em 590 d.C.. É um período de festas regidas pelo ano lunar no cristianismo da idade Média. O período do carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou do latim "carne vale" dando origem ao termo "carnaval". Durante o período do carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX.

No mundo, o carnaval de Veneza, na Itália, é considerado um dos mais belos do mundo. Em pleno inverno europeu, os bailes de máscaras marcam a festa de momo nos teatros e clubes de Veneza. Outro carnaval famoso é o de Nova Orleans, nos Estados Unidos. Misturado com a cultura negra sulista, a cidade norte-americana recebe foliões de todo mundo.

Na América do Sul, destaque para os carnavais de Oruro, na Bolívia, de Cusco no Peru e de Punta Del Leste, no Uruguai. Mas é no Brasil, que o carnaval se destaca. Trazido pelos imigrantes portugueses, o carnaval se adaptou bem em terras tupiniquins.
O carnaval chegou ao Brasil em meados do século XVII, influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como a França, o carnaval acontecia em forma de desfiles urbanos, ou seja, os carnavalescos usavam máscaras e fantasias.

Embora de origem europeia, muitos personagens foram incorporados ao carnaval brasileiro, como, por exemplo, rei momo, pierrô, colombina, etc. Hoje, as principais festas de momo, ocorrem nas cidades de Olinda e Recife, em Pernambuco, onde a festa é marcada pelo frevo. Em Salvador, na Bahia, onde trio elétrico comanda a festa nas ruas de Salvador. Marcada pelo axé, musica de origem afro, o carnaval de Salvador concorre como do Rio de Janeiro em popularidade. A diferença primordial do carnaval de nordeste para os desfiles de escolas de samba no eixo Rio-São Paulo, é que em Salvador, Olinda e Recife, a festa é democrática, todos pode pular, apesar do custo para pular nos blocos. No Rio, o povo tem que pagar para ver o desfile de escolas, muitas fezes um show de artistas e mulheres brancas que não tem samba no pé, enfim, uma festa burguesa, como queria Getúlio Vargas, o idealizador dos desfiles de Escolas de Samba, no Rio de Janeiro. Getúlio Vargas, queria imitar os desfiles em Roma, feitos por Mussolini. Em Roma, os desfiles eram para glorificar o fascismo que nascia, já no Rio de Janeiro, os desfiles propostos por Getulio Vargas, era em beneficio próprio, ou seja, o populismo político.

No Brasil, o carnaval deixou de ser uma festa popular e democrática, passou a ser uma festa burguesa e luxuosa no Rio de Janeiro, e marcada por blocos e com muita cerveja no restante do país.

LUCÉLIA: A cidade de Lucélia teve o melhor carnaval de toda região. O carnaval de rua tinha escolas de samba como o Rebolo, Jacarepaguá e a tradicional Requenguela. Nos clubes, a folia ia até o raiar do dia no Tênis Clube, Acel, Recreativo, Lucélia F.C., etc. Além dos desfiles de rua, havia a folia nos diversos clubes da cidade. A escolha da Rainha do carnaval luceliense era concorrida e disputada. Hoje, não existe mais rainha do carnaval de Lucélia.
Bem, o carnaval de Lucélia foi talvez o mais original e democrático de toda região. Aqui, não era necessário dinheiro, nem fantasias caríssimas para desfilar na avenida Internacional, ou pular nos clubes. Lembro que no lugar das penas de pavão, os foliões usavam os tradicionais pendões de cana-de-açúcar, que eram cortados nos canaviais da redondeza, coloridos artificialmente, e usados como fantasias. Na Requenguela, homens se fantasiavam de mulher, e mulher virava homem. Quem não tinha dinheiro, só pulava. Lembro de um homem que usava um vaso sanitário para fazer seu desfile individual. Esqueletos de animais, enxada, facão, pinturas no corpo com carvão, tudo valia, tudo era permitido e nada era proibido no carnaval de rua de Lucélia, repito, o mais animado de toda região.

O carnaval como o próprio nome em latim diz é a “festa da carne”. Uma festa tradicional, onde o proibido e o ridículo não existe. Tudo é proibido em nome da festa. O carnaval é sem sombras de dúvidas umas das poucas festas onde não existem diferenças de time de futebol e religião. É uma festa popular, onde ricos e pobres, católicos e evangélicos, ateus e crentes, feios e bonitos pulam juntos, sem discriminação, sem raiva ou rancor. É talvez a única forma de manifestação totalmente democrática, onde torcedores do Corinthians e do Palmeiras, pulam juntos no mesmo bloco. Pelo menos era assim em Lucélia, até meados da década de 1980.

Hoje, o carnaval de Lucélia imita o carnaval de Salvador. Muitos blocos, cerveja e farra. Em Panorama, o carnaval deste ano será em ritmo sertanejo. O carnaval de hoje, esta ficando aos poucos, distante do que ele realmente foi, uma festa popular.

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