31 de março: 50 anos do Golpe Cívico-Militar de 1964
30 de março de 2014


Por Marcos Vazniac - No próximo dia 31 de março, a nação estará relembrando um dos capítulos mais doloridos de sua fase republicana. Há exatos 50 anos, as tropas do general Mourão Filho, marcharam de Juiz de Fora/MG para o Rio de Janeiro. Iniciando assim, o golpe que levou a derrubada do governo João Goulart.

Setores da sociedade civil colaboraram para derrubada de Jango e apoiaram explicitamente os golpistas. A participação dos civis no jogo de xadrez da política nacional se deu graças ao sociólogo e historiador uruguaio René Armand Dreifuss, em sua obra 1964: A Conquista do Estado (Vozes, 1981).

Após o AI-5, Ato Institucional N.º 05, que foi um “golpe dentro do golpe”, onde os militares da ala mais radical, radicalizaram o combate a subversão, dando inicio a tortura, censura e início a “guerra contra a subversão.”

Não apenas grandes centros urbanos como Rio e São Paulo, e diretórios acadêmicos de faculdades foram reprimidos. Religiosos de esquerda, artistas, intelectuais e até mesmo as pequenas cidades tiveram a vida dos políticos, religiosos e pessoas vistas como subversivas, pesquisadas pelo Doi –Codi e pelo Deops – Departamento de Ordem Política e Social.

Em Lucélia, não foi diferente. A vida social das pessoas, religiosos, políticos e da imprensa foram vigiadas de perto, pelos agentes da repressão. Parte de tal material está na cidade de Lucélia, mas com o tempo, foi descoberto que no Arquivo do Estado de São Paulo, há muito mais.

Em SP há 283 documentos inéditos sobre o Regime Militar e o período da repressão em Lucélia
O Regime Militar (1964-1985) foi um dos períodos mais turbulentos e negros da recém história do Brasil na visão da sociedade civil. Censura, prisões arbitrárias, torturas, fim das liberdades individuais e eleições indiretas.

Não foi só nos grandes centros urbanos que liberalmente o “pau comeu solto”, o setor de vigilância dos militares, vasculharam cada cidade do Brasil, em busca de subversivos e inimigos da “contra-revolução de 31 de abril de 1964.”

Em Lucélia, não foi diferente. Aqui, como pesquisa por mim realizada junto ao Arquivo do Estado de São Paulo, que detém dados de todos os municípios paulistas, pude constatar, dezenas de prontuários e documentos que dão uma geral sobre a situação política na época descrita acima.

Em tal pesquisa, que foi meu TCC de História, verifiquei que a vida de todos os religiosos da cidade foi averiguada pelos agentes, com informações precisas sobre a atuação de todas as religiões e seus líderes.

O sistema pesquisou e averiguou de perto a conduta dos vereadores, prefeitos, pessoas com certa influência na cidade. Nossa imprensa era observada de perto, pois parte de suas publicações foram analisadas de forma meticulosa.

Achei que o “dossiê Lucélia” estivesse realmente completo. Leve engano. Com a internet que abre canais de comunicação e troca de informações no mundo real e a cores, descobri novos arquivos que existiam, e que só agora os documentos estão sendo entregues ao Arquivo do Estado.

Os arquivos sobre o Regime Militar aqui na cidade de Lucélia é enorme, e tem aproximadamente 283 novos prontuários para serem pesquisados. Nos tais documentos, que ainda não tive acesso, há nomes de pessoas da sociedade civil, que nunca achavam que estavam sendo vigiadas de perto, como profetizou o escritor irlandês George Orwel, em seu livro 1984, que deu origem ao famoso BBB e ao mundo virtual de vigilância que vivemos hoje.

Há documentos sobre como era a vigilância em cidades da região como Osvaldo Cruz, Inúbia Paulista e Adamantina, até mesmo da vida rural, como do então distrito de Pracinha e moradores do Bairro Mil Alqueires foram averiguadas de perto.

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