Depois de 93 anos parentes se encontram nas redes sociais
09 de novembro de 2019

É uma história longa, até parece roteiro de filme ou novela, mas faz parte da vida real da família Vozneac ou Vazniac


Por Marcos Vazniac - Tudo começou no ano de 1926, na aldeia de Caracui, na Bessarábia, sob domínio da Romênia. Naqueles dias de inverno, surgiu uma notícia de que na América, mais precisamente no Brasil, havia distribuição de terras gratuitas para todos que desejassem imigrar. Como nenhuma família de lavradores tinham recursos para pagar as passagens de navio até o Brasil, a viagem foi gratuita para todos que desejassem imigrar.

As famílias russas, búlgaras e ucranianas que residiam na Bessarábia dominada pela Romênia ganharam passagem só de ida. Alguns de outras famílias conseguiram dinheiro e retornaram, para ser vítimas de Stalin e sua politica de extermínio.

A família Vozneac veio para o Brasil com os seguintes membros: o casal Gheorghe Vozneac e Ana Mostovoi, e os filhos Timofei, Helena, Paladia e Dimitri. O filho mais velho do casal, Mikhail estava servindo o exército, e por este motivo não imigrou para o Brasil.

A viagem foi longa. De Caracui, saíram de carroça até a capital Kishinev. E em seguida, seguiram até Bucareste, na Romênia. De lá, foram de trem, passando por países como Hungria e Áustria, até chagarem nos portos de Bremem e Hamburgo, na Alemanha, local do embarque. A viagem de navio durou 33 dias até o porto de Santos. Após passarem alguns dias na Hospedaria do Imigrante no Brás, em São Paulo, local onde os imigrantes esperavam por algum fazendeiro que visitavam o local procurando mão de obra para as fazendas de café, no interior do estado.

A família Vozneac mudou-se para Curitiba, no Paraná, onde o casal teve mais um filho, João. Após permanência em Curitiba, a família foi avisada por patrícios que em pleno sertão do oeste paulista estava sendo formado um aglomerado de eslavos oriundos da Bessarábia. Surgia ali a futura colônia de Balisa que é considerada hoje, célula máter de Lucélia.

Desde a mudança para o Brasil ocorrida em 1926, o contato da família aqui em Lucélia, com o filho Mikhail, na cidade de Caracui, foi perdido, e nenhuma notícia foi lida de ambas as partes até a morte de todas as pessoas citadas na matéria.

Passados 93 anos, graças as redes sociais e seu poder positivo de reunir pessoas, o mistério foi resolvido no início de 2019. Os descendentes da família em Caracui, não sabiam onde estavam os seus parentes, pois a América é grande desde o Canadá até a Terra do Fogo. Sabiam da existência de parentes na América, mas não tinham meios de localizar. Os descendentes em Lucélia sabiam da existência da cidade de Caracui, na atual Moldávia, país independente da URSS desde 1991, mas não tinham nenhum contato com a cidade.

Na internet é possível localizar fotos e sites da cidade. Por ali fiz amizade com o senhor de nome Mihail Maftuleac, residente na cidade de Lyon, na França. Caracui no sul da Moldávia é uma cidade pequena com seus 2 mil habitantes, apesar dos seus 308 anos de vida. Peguei uma foto da família, tirada na Estação da Luz em São Paulo, foto na década de 1930 e enviei ao Mihail Maftuleac. Ele postou no grupo da cidade de Caracui, com todos os dados das pessoas da foto e os dados da pessoa que eu procurava. Isso foi por volta das 11h00. Lá pelas 13h00 ele me avisou em romeno que havia encontrados duas netas do procurado, inclusive os parentes. Quando abri meu facebook havia dezenas de solicitações de amizade de várias Vozneac e de outras pessoas de Caracui. Como a cidade é pequena a notícia se espalhou como pólvora e até o prefeito de Caracui entrou na festa. A notícia chegou a capital, e concedi entrevista pela internet para um jornal de Chi?inãu, capital da Moldávia. O país tem como idioma oficial o romeno, mas todos falam o russo.

Naquele dia a espera de 93 anos terminava. Acabava de achar Maria Vozneac, hoje residente na cidade Horon, em Israel. E Lenu?a Zadorojneac Vozneac, residente em Caracui. Dias depois, outra irmã de nome Natalia Ciubotaru Vozniac, residente na Rússia apareceu. O nome do meu pai Dmitri foi alterado no Brasil para Vazniac, provando a grafia alterada por erro de cartório.

Conversa vai, conversa vem, foi revelado que Mikail Vozneac acabou sendo convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) do lado do Exército Vermelho contra a invasão dos alemães e romenos. Ele sobreviveu as grandes batalhas da guerra e, veio falecer em casa, tendo uma perna amputada no ano 1945. Teve um filho que morreu no ano de 1996, que por sua vez deixou três filhas, acima descritas com seus nomes, portanto, suas netas.

Vale lembrar que desde a partida de 1926 todos os contatos foram perdidos. Todos os membros da família faleceram . Hoje, existe uma página da família no facebook, onde podem trocar fotos e informações.




Voltar para a coluna Marcos Vazniac


© Copyright 2018 - All rights reserved.
Contact: Amaury TeixeiraPowered by www.nossalucelia.com.br
Lucélia - A Capital da Amizade
O primeiro município da Nova Alta Paulista