Morre Jorge Cavlak, o último comunista de Lucélia
Nossa Lucélia - 15.08.2016

Acusado de ser doutrinador de estudantes, Jorge Cavlak teve que fugir para não ser preso pela Ditadura Militar

LUCÉLIA - Morreu no último sábado (13), uma lenda viva da comunidade luceliense. Aos 76 anos de idade, faleceu Jorge Cavlak, o último comunista de Lucélia, como era assim conhecido depois de ser pauta da TV Fronteira de Presidente Prudente.

Jorge Cavlak nasceu em Balisa, distrito luceliense que hoje nem existe mais. Era filho do casal de imigrantes búlgaros bessarabianos Sr. Demétrio Cavlak e Helena Delic. Desde jovem manteve a tradição da comunidade eslava de aprender e jogar xadrez. Aprendeu a valorizar o conhecimento cientifico e principalmente e literário. Aos poucos foi comprando livros e montando a sua própria biblioteca, hoje considerada a segunda de Lucélia, em número de livros. Fã dos clássicos da literatura russa, em especial dos escritores Gogol, Anton Tchekhov,  Liev Tolstoi e Fiodor  Dostoiévski, a quem considerava o maior escritor do mundo. Era uma das poucas pessoas de Lucélia que tinha um vasto conhecimento em quase tudo. Desde o Dr. Freud, passando por Marx, Vitor Hugo e Jorge Amado. Gostava de mpb, de Chico Buarque e de um bom samba raiz.  Apreciava música clássica e uma boa conversa.

Fã do médico e revolucionário argentino Ernesto Che Guevara, o Jorge Cavlak nunca escondeu sua admiração pelo mundo socialista e um mundo mais justo e verdadeiro, onde a verdade deveria sempre estar a frente da mentira. Era carnavalesco e sempre participou dos bons tempos do carnaval de Lucélia, contribuindo para a preservação da cultura nacional.

Por suas ideias marxistas Jorge Cavlak ficou na mira do DOICOD que na Ditadura Militar queria colocar as garras nos comunistas e subversivos. Vigiado e perseguido pelo Regime Militar, acusado de ser doutrinador de estudantes, Jorge Cavlak teve que fugir para não ser preso pela Ditadura Militar.

Doutrinador de estudantes. Ele recebia jovens não só de Lucélia, mas de toda região para explicar as entrelinhas da política. E tinha prazer em explicar como mundo funciona e a eterna luta de classes entre a burguesia e o proletariado.

Mesmo diante da queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética, ele nunca perdeu a fé no comunismo, sistema político e econômico a quem julgava ser o melhor, e mais eficiente no combate a miséria no mundo. Fã de Fidel Castro, de Che Guevara, preservava o comunismo mesmo diante do seu fim anunciado pela mídia.

Era admirador de boas peças teatrais dentre as quais citamos Bertholt Friedrich Brecht e Plínio Marcos. Era leitor assíduo de livros, revistas e jornais. Todo dia sentava em frente de sua máquina de escrever e datilografava crônicas sobre os mais diversos temas e assuntos. Acreditava que a cultura era a essência da vida.  Deixou um enorme volume de manuscritos, crônicas e poemas sobre Lucélia, o Brasil e o mundo. São verdadeiras relíquias que deveriam ser preservadas para a memória da cidade. De tanto escrever editou um livro de crônicas, mas seu único livro escrito é pouco diante do imenso acervo que ele deixou.

Era defensor do meio ambiente e da ecologia. Plantou e preservava nos fundos da sua residência, um bosque com árvores nativas, onde milhares de pássaros faziam seus ninhos. Torcedor do são Paulo FC foi também jogador de futebol de campo e do antigo futebol de salão, atual futsal.

Sua morte é uma perda para a cidade de Lucélia. Tinha na mente praticamente toda a história de Lucélia. Era uma lenda, uma pessoa simples que fez da simplicidade sua maior virtude.

Apaixonado pela arte, filosofia e literatura, era uma mente brilhante que deixa Lucélia mais pobre. Era secretário Executivo Adjunto do Comtur – Conselho Municipal de Turismo de Lucélia.


Fonte: Por Marcos Vazniac

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