A Torre de Babel no meio da floresta
Nossa Lucélia - 24.06.2020


Nos primórdios da História de Lucélia, houve muitas línguas de povos imigrantes de várias partes do mundo

LUCÉLIA - Segundo o Antigo Testamento (Gênesis 11,1-9), Babel foi uma torre construída na Babilônia pelos descendentes de Noé, com a intenção de eternizar seus nomes. A decisão era fazê-la tão alta que alcançasse o céu. Esta soberba provocou a ira de Deus que, para castigá-los, confundiu-lhes as línguas e os espalhou por toda a Terra.

Nos primórdios da História de Lucélia, houve muitas línguas de povos imigrantes de várias partes do mundo. Na cidade que brotava no meio da floresta falava-se o alemão, cujo idioma veio com os imigrantes da colônia Nova Pátria, depois Colônia Paulista. Por aqui era falado o francês, que chegou as nossas terras com as famílias de suíços que, além do francês dominam o alemão.

Outra língua falada em Lucélia era o japonês, falado dentro das residências das famílias de imigrantes que deixaram o Japão para imigrarem para o Brasil.

A comunidade Balisa também era uma “Babel” no meio da selva. Vários idiomas eram falados e ouvidos dentro das casas, na igreja, na roça e no mercado. Em Balisa, era falado o russo clássico, falado por imigrantes russos alfabetizados, oriundos da Bessarábia, tais imigrantes falavam, liam e escreviam perfeitamente a língua materna dos escritores Liev Tolstoi e Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski.

Em Balisa falava-se perfeitamente o romeno, língua oficial da Romênia. A língua romena tem influência latina, pois a Romênia foi uma possessão do Império Romano. Desde 1919, a região da Bessarábia, esteve sob domínio da Romênia e, portanto, os seus moradores foram obrigados a falar o romeno. Em Balisa também existiam os búlgaros, oriundos principalmente do sul da Bessarábia. A “Torre de Babel” era completada com ucranianos, letos, lituanos e por que não, o iídiche, além do português, idioma oficial do Brasil.

Outro fator importante sobre a “Babel de Balisa” era o fato de que alguns idiomas que foram praticamente extintos nas regiões da Moldávia, Ucrânia, Rússia, Bulgária e Romênia, mas foram preservadas na colônia eslava. Isso pode ser um fator linguístico importante, para futuras pesquisas, pois algumas palavras que existiam na década de 1.920 na Bessarábia, hoje não mais existem no alfabeto clássico da região, mas em Balisa, muitas palavras consideradas como o russo e o búlgaro primitivos, a língua gagauza e o turco primitivo, foram preservadas pelos moradores, e pronunciadas até os dias atuais, por alguns descendentes, na cidade de Lucélia.

Deste mosaico linguístico surgiu uma nova forma de linguagem, que misturava as línguas importadas da Bessarábia, com as palavras do português.

Com a presença de gírias do alfabeto português, e por novas palavras oriundas dos migrantes de origem nordestina, a região de Balisa, ganhou novas palavras. Por exemplo, o morador Stephan Pavliuk era chamado pelos nordestinos de “Sr. Estiopa”. O apelido carinhoso colou, e desde então, Stephan virou “Estiopa”.

Outra curiosidade nos primeiros anos de vida da comunidade Balisa, foi que as crianças antes de aprender e falar o português, falavam o russo, no caso de famílias russas, e o búlgaro, no caso de famílias de origem búlgara. Era comum um adolescente com seus 12 anos de idade, falar perfeitamente o russo e não saber quase nada em português.

Como existia uma Igreja Ortodoxa nas proximidades do córrego dos Macacos, um padre viajava a cavalo pelas selvas da região até chegar em Balisa, onde ministrava os sacramentos e atendia os fieis seguidores da Igreja Ortodoxa. As famílias de Balisa, nos seus primeiros anos, eram membros atuantes da religião Ortodoxa. É comum até hoje, ouvir alguns descentes rezar o Pai Nosso em russo.

O sinal da cruz usando três dedos. A junção do polegar com os dedos “pai de todos e fura bolo”, fazia menção a Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).

Os idiomas oriundos da Bessarábia fez parte do cotidiano dos moradores. Como já nos referimos uma mescla de russo, romeno, búlgaro, e gagauz, produziu frases que eram pronunciadas no dia-a-dia. Os russos eram severos nos costumes e a maneira de se pronunciar às vezes, dava a impressão de estarem irritados e nervosos.

Palavras de baixo calão eram pronunciadas em russo, romeno e búlgaro e faziam parte do dia- a- dia da comunidade.




Fonte: Marcos Vazniac

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