Handebol renasce na terra do Futebol Médio e vê geração retomar rumo das vitórias
Nossa Lucélia - 24.10.2022


Quarto lugar nos Jogos Abertos, pela categoria adulta masculina, faz modalidade renovar planos em Lucélia, mas sonho por time federado segue visto como distante

LUCÉLIA - Em meio ao balanço – infelizmente – escasso de medalhas, da participação do Oeste Paulista nos últimos Jogos Abertos do Interior (JAI'S), uma campanha, embora também sem pódio, surpreendeu muito nas quadras. A categoria masculina adulta do handebol de Lucélia encarou escolas tradicionais de São Paulo, incluindo times federados, e fez a modalidade voltar a mostrar força no "berço do futebol médio" e com fortes ligações com o basquete.

A 84ª edição da "Olimpíada Caipira" teve como palco São Sebastião, entre 3 e 15 de outubro, e reuniu 159 cidades e mais de 6 mil atletas. Ela marcou o retorno dos JAI'S após dois anos de ausência em razão da pandemia da Covid-19. Nessa volta, Lucélia, cidade com cerca de 22 mil habitantes, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou no 66º lugar.

Os cinco pontos na tabela geral vieram graças à atuação dos "meninos do hand". A campanha levou o time à disputa do bronze, em uma trajetória a qual proporcionou verdadeiros duelos entre "David" e alguns "Golias". Por isso, renascimento e retomada de uma narrativa vitoriosa para o esporte local podem definir este contexto.



Por sua vez, o contexto apresenta seus detalhes por meio de Anésio do Nascimento Vieira, o Lico. Aos 33 anos, ele é funcionário municipal, lotado na pasta de esportes e exerce posto comissionado na atual gestão. Sua história junto à modalidade em Lucélia segue agora técnico, de forma voluntária, repassando o que aprendeu nos tempos de atleta, como ele começa contando.

A modalidade, como outros esportes coletivos, tinha certo espaço na pauta da cidade, mas, por volta de 2006, outro olhar passou a ser dado. Na oportunidade, a pessoa à frente da denominada Diretoria de Desporto era o professor Jorge Monge, cuja história possui grande ligação com o basquete. Os anos seguintes teriam nas escolas as presenças de profissionais diretamente envolvidos com o handebol, eram os casos dos professores Everton e Clodoaldo.



Lico atuou com eles, foi atleta do handebol de Lucélia durante 10 anos (2002 a 2012) e, ao parar, em 2013, iniciou os treinos com os meninos da categoria mirim (até 12 anos). O trabalho seguiu até 2016, mas parou por falta de apoio, como conta, e voltou em 2021. Pôr em prática a categoria masculina adulta, para o retorno dos Abertos, virou objetivo plausível, uma vez que a base do time poderia vir daquele grupo de meninos, iniciado em 2013.

“Nossa meta era ter um time competitivo, buscar bons resultados. Mas sabíamos que não seria fácil. A região não costuma encontrar parceiros, grandes empresas, para investirem em times assim, como vemos em outras regiões e seus times federados. Só que a gente imaginava ser possível em uma competição como os Jogos Abertos. Reunindo aquele pessoal e treinando da forma mais parecida com esses times que jogam direto, participam de liga estadual e nacional. Passamos a treinar diariamente, das 6h da tarde às 9h da noite”, detalhou Lico.



Lucélia fez uma das semifinais dos JAI'S contra São Caetano e perdeu por 29 a 22. A decisão do bronze teve como adversário outro time do Paulistão, Ribeirão Preto, que venceu por 22 a 16. A ideia, naturalmente, era buscar a medalha, porém o fato de desempenhar jogos equilibrados contra os rivais de outro patamar serviu para amenizar o retorno ao Oeste Paulista sem pódio.

Perante o questionamento acerca de quanto tal resultado permitiria sonhar ainda mais com um time de Lucélia no Paulistão, Lico preferiu adotar uma postura marcada pelo cuidado. Para ele, necessário a fim de que não seja "vendida uma ilusão".

“O sonho sempre houve e vai seguir existindo. Nós vamos seguir sonhando. Mas sabemos que não é tão fácil assim. Para começar, precisamos entender que nem temos uma estrutura hoje. Nossa quadra não atende as exigências. Existe vontade, mas é uma realidade ainda distante”.

Em 2017, o primeiro ano colocado por Lico dentro do período mais desafiador, alguns atletas saíram e defenderam equipes como São José dos Campos e Salto. Em 2018, Presidente Prudente e Marília, nas disputas regionais e dos JAI'S, viraram destinos. Parte resolveu voltar. Mesmo alguns estando casados, virando pais e trabalhando, o reencontro da geração de 2013 deu ao handebol de Lucélia uma sensação de recomeço, entretanto de recompensa ao mesmo tempo, por tudo que foi feito antes.

De 2013 a 2016, foram quatro chegadas entre os quatro melhores de disputas estaduais da base, além de títulos em ligas regionais, em São Manuel (região de Bauru) e do próprio Oeste Paulista. Confira a lista de conquistas da base do atual time, ainda pelas categorias mirim até a infantil:

  • 2013: quarto lugar escolar estadual;
  • 2014: vice da Copa São Paulo (perdendo para São Caetano);
  • 2015: campeão estadual escolar infantil (até 17 anos);
  • 2016: quarto lugar escolar infantil; 11º lugar nos JAI'S, com a base inscrita na categoria adulta.

Lico cita ainda que, em 2021, o handebol de Lucélia se inspirou em uma iniciativa vista em Presidente Prudente para criar seu instituto (o Hand Futuro). Os objetivos, com isso, miram conseguir novos apoios, por exemplo, por meio de leis estaduais. Assim, ficar menos à mercê de contextos políticos e voltar a formar atletas na base. Em Prudente, um trabalho parecido é feito pelo ID (o Edespp). O projeto de Lucélia agora espera o fim da carência, de um ano, para apresentar projetos e buscar contribuição estadual.

“É um projeto que sempre terá seu lado muito mais social. Mas daremos também a esses jovens a oportunidade de experimentar o lado competitivo do esporte, que também ensina muito”.

HISTÓRIAS E FRUTOS - Mencionado por Lico, o professor Monge é conhecido por revelar nomes ao basquete profissional, como Juliano Landim (aposentado) e Maila Ciciardi (ex-Campinas e hoje no Sesi de Araraquara). Outra prata da casa é do handebol: Isaura Menin, que atua na Europa e tem passagens pela seleção brasileira. Seu desenvolvimento em Lucélia ocorreu durante a passagem de outro técnico lembrado, o professor Galiani.

No futebol, a cidade teve apenas um representante profissional em sua história. Fundado no começo da década de 1940, o Lucélia Futebol Clube filiou-se à Federação Paulista (FPF) em 1952, ano em que jogou a segunda divisão estadual. Após isso, até 1965, foram cinco participações (duas na terceira divisão e três no quarto patamar).

Mas é no futebol Médio que a cidade postula um título relevante, a de fundadora da modalidade. Inclusive, em texto publicado no site da Câmara, o ano de 1966 é citado como o de início da história desse esporte, que teria sido registrado em 1978, na "Capital da Amizade". Recentemente, a final de um campeonato local reuniu autoridades e Hamilton Di Stéfano, contemporâneo ao período do surgimento.



Fonte: Paulo Taroco _ Do ge P. Prudente

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Lucélia - A Capital da Amizade
O primeiro município da Nova Alta Paulista