Bebê de Bastos foi internado em Ourinhos para cirurgia no intestino e teve mão amputada
Nossa Lucélia - 03.09.2011



BASTOS - Com grande repercussão na mídia, chocou o país o caso do bebê que teve a mão direita amputada na Santa Casa de Ourinhos no dia 5 de agosto, quando completava um mês de vida. O que pouca gente sabe é que a família da criança é de Bastos. A amputação teria sido causada por problemas ocorridos durante cirurgia à qual o bebê foi submetido no mesmo hospital, em 13 de julho, para corrigir malformação do intestino.

A Santa Casa de Ourinhos admitiu em nota à imprensa que o grave ferimento na mão de Nicolas Bryan de Souza Almeida possivelmente foi ocasionado por desvio de descarga em razão de falha técnica no bisturi elétrico. A titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Ourinhos, Ana Rute Bertolaso instaurou inquérito para investigar o caso.

Em entrevista à Tribuna na quarta-feira, o autônomo Daniel Henrique da Cruz Almeida, 23 anos, pai do pequeno Nicolas Bryan, falou sobre o sofrimento que ele e sua esposa, a dona de casa Maria Kelly, 21, estão passando.

Calvário - Daniel Henrique contou que a aflição começou no dia 10 de julho, cinco dias após o nascimento de Nicolas Bryan, quando a criança amanheceu gemendo. “Internamos meu filho na Santa Casa de Tupã. No dia seguinte ele sofreu duas paradas cardíacas e como no hospital não há UTI Neonatal, foi transferido para a Santa Casa de Ourinhos”.

Ainda segundo o pai, o hospital ourinhense constatou através de exames que o menino sofria de problema no intestino e no pâncreas e deveria passar por cirurgia. “A operação foi no dia 13 de julho e no dia seguinte, ao chegar ao quarto para a visita, vimos que meu filho estava com a mão enfaixada. Minha esposa percebeu ainda que ele tinha uma mancha roxa no peito”.

Daniel Henrique afirmou ainda que inicialmente os médicos atribuíram o problema a “má circulação ou começo de trombose”. O ferimento se agravou e a cirurgia para a amputação foi agendada para 5 de agosto. “Na data marcada, uma parente minha, que é formada em enfermagem, garantiu que o problema do meu filho não era de circulação nem de trombose. Pediu para falar com o médico e foi aí que o diretor da UTI Neonatal (Eder Carvalho de Souza) revelou que provavelmente uma descarga provocada pelo bisturi elétrico afetou diretamente a mão do bebê, causando a necrose”, recapitulou.

Apesar de cultivar esperança, os pais temem pela saúde da criança, que no último dia 28 foi transferida para o Hospital de Clínicas da Unesp de Botucatu, agora devido a complicações no fígado.

Daniel Henrique espera que o caso seja devidamente esclarecido. “Para nós, pais, este é um momento muito difícil e algo que vamos carregar por toda a nossa vida. Isso sem falar no sofrimento do meu filho. Queremos é que tudo seja apurado e que a justiça seja feita”.

A Tribuna tentou contatos telefônicos com o diretor-clínico da UTI Neonatal da Santa Casa de Ourinhos, Eder Carvalho de Souza, que não atendeu as ligações e delegou à secretária de seu consultório a tarefa de enviar por e-mail à Redação nota encaminhada à imprensa de Ourinhos (leia a nota na íntegra abaixo).

NOTA DE ESCLARECIMENTO - “O paciente N. B. S. A. foi trazido à UTI Neonatal da Santa Casa de Ourinhos no dia 12/07/11 com 1 semana de vida em estado grave, com intensa icterícia, paradas respiratórias e severo comprometimento de estado geral e metabólico, tendo já sido atendido em outros 2 hospitais sem diagnóstico definido. Tomada a conduta inicial de estabilização, no dia seguinte definimos o diagnóstico de malformação intestinal e foi encaminhado para correção cirúrgica. Ao retornar do centro cirúrgico o paciente apresentava intensa isquemia (falta de circulação) de mão direita que, apesar de todo tratamento realizado, evoluiu lamentavelmente para necrose total da mão sendo então indicada a amputação”.

“A UTI Neonatal da Santa Casa de Ourinhos funciona há 21 anos, já atendeu mais de 5 mil crianças com alta taxa de sucesso no tratamento de pequenos pacientes gravemente enfermos e nunca tinha ocorrido uma situação dramática como essa. Todos os profissionais envolvidos com os cuidados ao paciente ficaram surpresos e consternados com a evolução desfavorável”.

“Efeitos adversos cirúrgicos infelizmente ocorrem. Cabe a toda estrutura médico-hospitalar tomar as precauções para minimizar os riscos sempre. Estamos averiguando as possibilidades para identificar a causa dessa ocorrência. A hipótese mais provável é que tenha ocorrido algum problema técnico possivelmente relacionado com o bisturi elétrico resultando em desvio de corrente e lesão tecidual no referido membro. Os equipamentos foram encaminhados para perícia técnica, da qual ainda não tivemos resultado”.

“O paciente, portador de patologia intestinal rara e grave (pâncreas anular), teve seu diagnóstico feito, foi encaminhado para a necessária intervenção cirúrgica (sem a qual sua vida não seria possível) e tratado com todo cuidado para se recuperar da crítica situação em que se encontrava. Como a evolução estava complicada, foi encaminhado ao Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu em 28/08/11 para continuidade do tratamento. Nos solidarizamos com os pais do paciente que, apesar de ter sua vida salva, foi vítima de uma fatalidade que culminou com a amputação da mão. Estamos empenhados em esclarecer tal episódio o mais breve possível para dar uma explicação satisfatória à família e evitar que isso possa acontecer novamente. Dúvidas adicionais devem ser dirigidas ao Diretor Técnico da Santa Casa de Ourinhos” .
Diretor-clínico da UTI Neonatal
Eder Carvalho de Souza

Hospital só abriu sindicância após repercussão do caso, diz advogado - Em entrevista à Tribuna, o advogado Pedro Bassan, de Tupã, afirmou que a Santa Casa de Ourinhos demorou para instaurar sindicância interna destinada à apuração do episódio que resultou na amputação da mão direita do bebê. “Na realidade, o hospital só abriu sindicância depois da grande repercussão do caso na mídia”, observou.

O advogado disse que foi procurado pelos pais do menino e que os orientou a fazer o boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Ourinhos.

“Uma situação estarrecedora como essa deve ser investigada por meio de inquérito policial para se apurar responsabilidades. O caso agora está na fase de levantamento de provas. Já tive acesso a algumas peças do inquérito. A delegada Ana Rute Bertolaso está fazendo um excelente trabalho. Mas, por enquanto, é prematuro chegar a uma conclusão”.

Pedro Bassan disse ainda que está no aguardo do término da investigação policial. “No caso de confirmação de culpa, vamos ajuizar ação cível indenizatória por danos morais e materiais”, antecipou.

Delegada já colheu depoimentos e agora aguarda laudos dos peritos - Em entrevista à Tribuna, a titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Ourinhos, Ana Rute Bertolaso, disse que instaurou o inquérito policial no dia 18 de agosto e que o prazo para concluí-lo é de 30 dias.

A delegada afirmou que já ouviu tanto os pais do bebê quanto parte dos funcionários do hospital convocados para prestar depoimento. Já foram ouvidos o diretor-clínico da UTI, Eder Carvalho de Souza e uma médica.

“Nosso objetivo é esclarecer se a amputação da mão do bebê foi decorrente de erro médico ou de problema no aparelho (bisturi elétrico). Se for confirmada a primeira hipótese, o profissional é que irá responder. No caso de um defeito no aparelho, a responsabilidade poderá recair sobre a Santa Casa de Ourinhos ou a empresa fabricante”.

Ana Rute Bertolaso acentuou que “é muito cedo para se chegar a uma conclusão, mesmo porque ainda falta o resultado dos laudos médico, relacionado à criança, e do técnico sobre o aparelho”.

A delegada disse que se for necessário, poderá prorrogar o prazo de conclusão do inquérito policial por mais um mês.



Fonte: Da Tribuna / Bastos Já



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